Pouso suave é uma expressão usada para descrever uma transição gradual na economia. De uma situação de crescimento econômico acelerado, acima da capacidade produtiva do país, o que dá causa à inflação; para um ritmo mais lento, ou para a estabilização. Trocando em miúdos, significa que a economia está desacelerando de forma controlada, sem grandes choques ou recessões.

Um pouso suave é desejável quando a inflação está acima da meta perseguida pela autoridade monetária. E, no mais das vezes, é induzido pelo aumento da taxa básica de juros da economia, o que reduz a demanda de consumo e investimento, diminuindo a pressão sobre os preços.

Na quarta-feira dia 20, o Federal Reserve (Fed), o banco central dos EUA, manteve a taxa de juros americana na faixa entre 5,25% a 5,50% ao ano, patamar mais elevado em vinte anos. Até aqui, a escalada dos juros teve efeitos moderados sobre o ritmo de crescimento. Segundo comunicado do Fed, o crescimento será de 2,1% em 2024, desacelerando para 2,0% nos dois anos seguintes e 1,8% no longo-prazo. O mercado de trabalho, que também impacta sobre os preços, mantém-se estável nas projeções, com desemprego baixo, na casa de 4,0%.

Como se vê, a perspectiva é de lenta desaceleração do crescimento. E os preços? A inflação caminha paulatinamente para a meta, na projeção mais atual, atingirá 2,4% esse ano e 2,2% no próximo, alcançando a meta de 2% em 2026. Ou seja, os juros foram mantidos no patamar atual para trazer os preços mais rapidamente para baixo, já que a inflação dos serviços, que responde mais à demanda e ao mercado de trabalho, continua elevada.

Contudo, como a trajetória é de convergência gradual para a meta, o Fed manteve a promessa de uma redução, também gradual, da taxa juros. Deverão ser três cortes de 0,25%, provavelmente, no segundo semestre. O banco ainda sinalizou maior liquidez na economia, o que deverá favorecer inclusive as economias emergentes, que se tornam mais atraentes para os investidores. Em resumo, o cenário é um pouso suave e seguro na economia americana.